CANTAR É COISA DE DEUS
Um ótimo CD, com boas melodias, vaneras, xotes , chamamés e milongas, são os ritmos que os Monarcas sabem muito bem tocar e interpretar.
1 - CANTAR É COISA DE DEUS - CHAMAMÉ Maurinho Monteiro, Luiz Lanfredi, Ivan Vargas
2 - VANERA DE SANGUE NOVO - VANEIRA Eron Carvalho, Gildinho
3 - O BONITÃO - VANERA Arabi Rodrigues, João A. dos Santos
4 - RIO GRANDE TCHE - XOTE Elton Saldanha, Elron Pericles
5 - FANDANGO MONARCA - VANEIRA Dioniso Costa
6 - SOU BONITO E DANÇO BEM - VANEIRA Velho Milongueiro
7 - A SAUDADE PEGA - VANEIRA Edson Osmar Brito da Rosa
8 - TODO MUNDO NA VANERA - VANERA Gildinho, Rico Baschera
9 - PARA OS MEUS BRAÇOS - CHAMAMÉ João Antunes, Gildinho
10 - TRANCÃO DE VANERA - VANEIRA Chico Brasil, Luiz Lanfredi, João Pantaleão
11 - MILONGA VELHA MILONGA - MILONGA João Pantaleão, Ivan Vargas
12 - BAMO DE NOVO Miguel Cadaval / Fabio Hoisler / Dionísio Costa
13 - PRENDA MORENA - VANEIRA Wilson Paim, José Luiz Casarin
14 - VANERA NOSSA - VANEIRA Chico Brasil, Vanclei da Rocha
15 - DANÇANDO COM A MORENA - VANEIRA Varguinhas, João dos Santos, Luiz Lanfredi
CANTAR É COISA DE DEUS
Maurinho Monteiro, Luiz Lanfredi, Ivan Vargas
Chamamé
Cantar, dançar e amar pra deus é uma oração
Diz o velho testamento desde os tempos de Adão
Após vencer o dilúvio durante quarenta dias
Noé e família cantaram e dançaram de alegria.
Lá no Monte Ararate região leste da Turquia.
Cantar é coisa de Deus, Cantar é coisa de Deus
Sei que faço a minha parte
Cantar é mais que uma arte, Cantar é coisa de Deus
Cantar é coisa de Deus no mundo esta comprovado
Desde os tempos de Abraão é um ritual sagrado
O patriarca da fé e seus descendentes de hebreus
Davi cantou ao vencer, hoje cantam os filhos teus
E por isso que eu afirmo Cantar é coisa de Deus
Se o povo Gananeu ouvisse as canções de Ló
Talvez Sodoma e Gomorra não sucumbisse ao pó
Mesmo a Torre de Babel não ficaria ao léu
Se o povo da babilônia não subestimasse o céu
Por isso canto a Deus retirando o meu chapéu.
VANERA DE SANGUE NOVO
Eron Carvalho, / Gildinho
Vanera
Foi refrechando nos galpões deste rio Grande
No upa-upa que a vanera se afirmou
Redesenhando a estampa guapa do meu povo
De sangue novo pra cantá-la aqui estou.
Esta vanera traz o canto da querência
Relembra as lutas no lombo destas coxilhas
Um garrucha berrando de cano cheio
Pra defender os interesses farroupilhas.
Vanera velha do meu pago campesino
Irmã do tino do gaúcho campo a fora
Levando em frente esses ideais farrapos
Do índio guapo que se afirma nas esporas.
De alma leve vou cantando essa vanera
Que bem campeira segue o rumo do futuro
Mas preservando as raízes da querência
E a procedência do rio grande pelo duro.
Por isso eu sigo nesse canto galponeiro
E a vida inteira vou cantar o meu rincão
Esta vanera traz o rio grande na estampa
Estela a pampa que alumbra meu coração.
O BONITÃO
Arabi Rodrigues / João A. dos Santos
Vanerão
Fim de semana quando a gaita me convida
Deixo a saída do meu peito sem tramela
Agarro uns cobre e boto as pilchas de domingo
Encilho o pingo e já saio pensando nela.
E a Maria filha da Sinhá Dominga
É meu coringas ente outras que conheço
Cabelo liso bem a baixo da minguinha
Por sorte minha estou vivendo seu apreço.
Não vou falar pra você não sair dizendo
Que estou vendendo pelo preço da ilusão
Mas me contaram que a Maria já voltou
Não agüentou as saudades do bonitão.
Fiquei sabendo que j esta na redondeza
Criada presa no sistema mais antigo
Fugiu a noite do colégio das irmãs
De Camaquã até aqui quanto perigo
O jogo é livre e a sorte é pra quem merece
Quem me conhece não sabe que sou vaidoso
Sou assim mesmo já nasci de cruz na testa
Gosto de festa, mas é chato ser gostoso.
A SAUDADE PEGA
Edson Osmar Brito da Rosa
Vanera
A saudade pega, pega bem de jeito
Judia do peito machuca o coração.
Mulher minha vida minha doce amada
Quando estou na estrada sinto a solidão
Se chega a bandida me dando rasteira
Sem dó sorrateira como um turbilhão
Andei pelo mundo levando alegria
Fazendo a magia que tem a canção
Fiz do sentimento verso e melodia
Rimei poesia pra ti minha paixão.
RIO GRANDE, TCHÊ
Elton Saldanha, Elron Pericles
Xote
Esse é o meu Rio Grande, Tchê,
Esse é o meu Rio Grande, Tchê;
O lugar onde eu nasci
A onde eu vivi e quero morrer..!
Com seu permisso eu saco o sombreiro
Boleio a perna e lhe dou oh, de casa
Sou do Rio Grande e digo com orgulho
Que eu sou peão dessa terra amada.
E quem nasceu nessa querência
Tem a vivência dessa tradição
De madrugada quando canta ao galo
Traz o cavalo e faz um chimarrão.
De sol o sol o que vier eu faço
O velho laço trago desatado
É no domingo que eu monto meu pingo
Na casa da prenda que é a flor do meu pago.
Bombacha larga, lenço no pescoço
Sempre disposto eu ando prevenido
Espora e mango pra uma gineteada
Uma prateada pra enfrentar o perigo.
Uma fivela que é de prata e ouro
Que foi herança do meu velho pai
Um tirador de couro de pardo
Que esta bordado suas iniciais.
E quando hasteio o pavilhão sagrado
Eu canto o hino de chapéu na mão
Honrando a historia do meu bisavô
Que morreu peleando pelo nosso chão
FANDANGO MONARCA
Dioniso Costa
Vanera
A cantiga chegando na vanera
Se vem campeando versos pra encilhar
Recolhe a cuia e bomba e a chaleira
Que não vai sobrar tempo pra matear.
Arreda mesa, banco e as cadeiras
Que vai faltar espaço pra dançar.
No toque da cordeona fandangueira
Se vamo até o dia clarear.
Fandango monarca de ontem e agora
É a marca sonora de um povo feliz
Fandango monarca gaucha bandeira
Da raça campeira do sul do país.
Esse trancão gaucho quase fala
Chamando o fandangueiro pra bailar
E a prenda sarandeia pela sala
Encambinchando sonhos num olhar.
Parece que a lua se embala
Com a luz do candeeiro a namorar
E a voz da cordeona só se cala
Quando o sol pedir cancha pra chegar.
SOU BONITO E DANÇO BEM
Velho Milongueiro
Vanera
Quebrei o chapéu na testa e entrei sem ser convidado
O salão tava lota e eu já me fui lá pro meio
Estava lindo rodeio de temporona e madura
E eu me agarrei na cintura de uma prenda de vermelho
De-lhe baile e de-lhe grito, marca vai e marca vem
Eu sou lá de Dom Pedrito sou bonito e danço bem;
Dancei umas três ou nove e agradeci a parceira
E já me fui as capoeira beijar a guapa de canha;
Sou índio lá da campanha só danço meio embalado
E me sinto envergonhado no meio de gente estranha.
Ouvi a voz de um gaucho improvisando um discurso
Ta na hora do concurso pra dançar um vanerão;
Com a mais linda do salão saí bailando bonito
E levei pra Dom Pedrito a medalha de campeão.
TODO MUNDO NA VANERA
Gildinho / Rico Baschera
Vanera
Vou fazer uma pergunta pra moçada dançadeira
Do que é que o povo gosta? – é de vanera, é de vanera.
Quando toca uma vanera todo mundo sai
Rodeando pela sala nesse vai e vai...
Dando palma e assovio e apressado cai
E a guria se cuidando dos olhos do pai.
Dança mais agarradinho se ele se distrai
A gaitinha de botão ou na pianada
É um toque que arreganha toda gauchada
Dança velho, dança moço e a gurizada
E até o índio mais feio arruma namorada,
Quando toca uma vanera dessas bem socada.
Ta no rádio, e ta no carro e na televisão
Ta na praça, na internet e ta no salão
Ta n povo e ta na ama e no coração.
Quando toca uma vanera, dessas de galpão
Todo mundo se saco, bate o pé no chão.
DANÇANDO COM A MORENA
Varguinhas / João dos Santos / Luiz Lanfredi
Vanera
Vem minha morena, vem amar quem te quer bem
Faz valer a pena esse querer que a gente tem.
Dançando com a morena dois pra lá e dois pra cá
A noite é pequena pra quem vem pra namorar;
To esperando uma chance com ela quero ficar
Comparando com as outras é mais bonita do lugar.
Dançando com a morena não me achico pra pagar
Uma canha pros cunhados e gasosa pros piás;
Tendo eles intertidos esquecem de me cuidar
E o que eu falo pra morena só ela pode escutar.
PARA OS MEUS BRAÇOS
João Antunes / Gildinho
Chamamé
Minha companheira de amor e de lida
Presente que a vida por sorte me deu;
Se a felicidade se canta e se diz
Um homem feliz nesse mundo sou eu.
A nossa morada é feita de afeto
E sob este teto não mora tristeza
De um amor sincero veio a gurizada
E contigo amada completa a riqueza.
Desde quando veio para os meus braços
Não sobrou espaço para mais ninguém
A não ser pra os dengos de amor e carinho
Dos nossos filhinhos que a gente quer bem.
Aqui neste rancho que fiz a preceito
Amor e respeito é sempre constante
E mesmo vivendo na simplicidade
A tua bondade me faz importante.
Eu sei que casais no seu dia a dia
Tem a parceria de rusga e intriga
Mas com teu sorriso que alegra meu mundo
Não sobra um segundo pra viver de briga.
TRANCÃO DE VANERA
Chico Brasil / Luiz Lanfredi / João Pantaleão
Vanera
No contra ponto desta gaita galponeira
Hoje me amasso nos braços dessa guria
E no calor do tranco dessa vanera
Vou pelas beiras bem do jeito que eu queria
Nessa cadência levo a vida num abraço
Com a bota velha bato o pé no chão batido
A poeira sobe me batendo no espinhaço
E o fandangaço num trancão bem divertido.
Dança guria, vamos lá que o tempo voa
Num baile desses não se deixa pra depois
É na vanera que a coisa fica boa
E ate parece que foi feita pra nós dois.
Pouco me importa se lá fora a chuva cai
Já dancei baile no respingo da goteira
O que me importa é que a dança me distrai
Puxei meu pai sou da raça fandangueira.
Dança guria afugenta teus queixumes
O teu calor me retossa o pensamento
E nessa sombra do lampião quase sem lume
O teu perfume já me cheira casamento.
VANERA NOSSA
Chico Brasil / Vanclei da Rocha
Vanera
Vanera nossa, vanera grossa
É nossa marca, nossa bandeira
Vanera nossa, vanera grossa
Vamos gaiteiro, dê-lhe vanera.
Na tradição de um povo vai ter sempre um legado
Essa vanera é nosso tem ritmo compassado.
A historia se faz assim com presente e o passado
A gaita e a cantoria o futuro esta traçado.
Essa fama dos Monarcas sei que nunca vai ter fim
Nas festas de CTG, nos galpões e até nos botiquins.
No fandangos a moda antiga lá pras bandas de Erechim
O gaiteiro sempre escuta toca uma vanera pra mim.
Foi a primeira dos bailes a velha vanera grossa
E o sucesso logo veio da cidade até a roça
Hoje é a mais fandangueira com ela não há quem possa
Isso sim que é vanera, essa vanera é nossa.
MILONGA, VELHA MILONGA
João Pantaleão / Ivan Vargas
Milonga
Milonga, velha milonga, milonga do coração;
Gautcha de origem platina a uma dolente canção
Cruzou o rio Uruguai no bojo do violão
Contrabandeando ternura veio para neste chão.
Milonga, milonguita,
Milonga velha milonga, milonga do coração
Milonga, milonguita
Contrabandeando ternura veio para neste chão.
A milonga sem delonga se achegou batendo pano
Mesclando o povo latino com maragato e chimango
Canta historia castelhana bailando pelos fandangos
Foi das notas da milonga que Gardel compôs o tango.
Milonga, milonguita,
A milonga sem delonga se achegou batendo mango
Milonga, milonguita
Foi das notas da milonga que Gardel compôs o tango.
Milonga que não tem noite, não tem hora nem cansaço,
Seduzindo a gaita velha se atirou nos meus braços –
Conquistou todo o rio grande através do seu compasso
Milonga hoje é gaucha ninguém tira o seu espaço.
Milonga, milonguita,
Milonga que não tem noite, não tem hora nem cansaço,
Milonga, milonguita,
Milonga hoje é gaucha ninguém tira o seu espaço.
PRENDA MORENA
Wilson Paim / José Luiz Casarin
Vanera
Num baile animado eu vi a morena
Que linda pequena que tirei pra dançar
E deixou no ar seu aroma doce
Que a brisa trouxe pra me conquistar.
De boa família que flor de xirúa
Traz o brilho da lua no seu caminhar
Seu meigo olhar tem a força da luz
Me encanta e seduz ao vê-la passar.
Ao bailar com ela abri o coração
E pedi a mão da prenda formosa
Linda e carinhosa, fiquei prisioneiro
O seu companheiro perfumada rosa.
Criar nossos filhos com muito afago
Morando no pago louvar ao senhor
Com todo fervor mostrar o caminho
Falando baixinho palavras de amor.
Eterna beleza vou sempre te amar
Eu vou te chamar morena querida
Fo a preferida a mais linda prenda
Eu quero que entendas tu és minha vida.
BAMO DE NOVO
Miguel Cadaval / Fabio Hoisler / Dionísio Costa
Vanera
Bamo de novo, guria bamo de novo
Bamo de novo que hoje eu to de sangue quente
Bamo de novo que a sala ta lotada
E a peonada ta chamando pela gente.
Olha guria eu nadava te procurando
Foi o destino que me trouxe até aqui
Pois vi de longe que tu é bem apessoada
Bati os olhos e já me agradei de ti.
Eu não sou índio de andar conversando fiado
Tu não repara se eu vou direto no assunto,
Quero saber se quer ficar de par comigo
Até quem sabe passar a vida inteira junto.
Vou dar uma folga pra ti recuperar o fôlego
Pentear o cabelo dar um reforço no teu cheiro
Vai na cozinha da ruma seca pra tua mãe
Conta pra ela que eu sou bonito e solteiro.
Se ela quiser saber certinho de onde eu venho
Se eu sou rico e qual é o meu intento
Diga pra ela que eu venho de Seberi,
Sou remediado e ando atrás de casamento.
Se por acaso te agradar minha proposta
Tu me responda que eu vou falar com teu pai
Pra ajuntar os trapos eu já tenho quase tudo
O prazo é curto e o casório logo sai.
Tenho a mobília e um velho colchão de palha
Uma relíquia que eu herdei da minha avó;
Faz um barulho que parece um temporal
Mas ta inteirinho faz tempo que eu ando só.