sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

JOSÉ MENDES






CD - RAÍZES DOS PAMPAS - VOL. 1
  
Algumas letras do Saudoso cantor gaúcho JOSÉ MENDES, um cantor ecletico da musica gaúcha, pois foi romantico e campeiros, com belas letras e melodias e mesmo após quase quarenta anos de sua morte (16/02/1974) suas musica continuam sendo tocada nas rádios e o povo ouvindo e seus discos sendo procurados, Pois saiu algumas resmaterizações discos inteiros e alguma scoletãnaes, como Raízes dos Pampas - Vol. e Vol. 2; confomes capas abaixo.





CD RAÍZES DOS PAMPOAS - VOL. 2

PICAÇO VELHO
José Mendes
Xote

Um dia eu sai a camperiar sozinho
no meu picaço velho de estimação
Ele saiu relinchando como adivinhar
que não voltava mais para o seu galpão.
O meu picaço velho era um cavalo
que foi ensinado e muito mansinho
Quando eu tinha preguiça de buscar o gado
o meu picaço velho trazia sozinho!

Saí a galopito pela estrada a fora,
e meu picaço velho ai remoendo o freio,
Eu sai, com o destino de ir pra invernada
só pra ver meu gado e dar sal no rodeio.
Depois que eu dei o sal eu vi um boi brasino
e sempre boi brasino bem valente é,
Apartei ele do gado e desatei o meu laço
e arrochei o meu picaço, só pra ver o tropel .

Lacei este brasino lá na beira de um mato
e esta história triste até os animais sentem.
O meu picaço velho se perdeu no valo
e eu abri as pernas e saí lá frente.
E este boi brasino quando me avistou
abaixou a cabeça e fez uma pegada,
Tirei meu corpo fora e ele passou por mim,
eu olhei para trás e dei uma risada.

E foi nessa rodada que meu pingo amigo,
ficou estendido na terra vermelha,
Mas joguei o meu doze braças e a argola tiniu,
peguei as duas guampas e defendi as orelhas
E quando estirei o laço neste boi brasino,
ele virou de ponta nem pro mato foi
E meu picaço velho que quebrou o pescoço
e morreu gemendo olhando pro boi.

VÁ EMBORA TRISTEZA
José Mendes e Oiram dos Santos
Rasqueado

Tristeza, por que você não vai embora
E faz esta saudade te acompanhar
Tristeza, por que você não vai agora
E mande a felicidade em seu lugar!

Tristeza vai pra lá
Saudade vai também
Vem felicidade
Traz de volta o meu bem!

SANGUE CRIOLO
Lauro Rodrigues
Valsa

Pelas estradas do pampa eu sou o gaúcho mais destemido,
No escarcear do meu zaino, sou de longe reconhecido.
De laço e bolas nos tentos, eu vou cruzando com liberdade
Gaudério de pouso incerto,
Num campo deserto em sinto a vontade
Não creio em manhas de china
Nem rengueado de cusco, em céu de tempestade!

Ai, ai, ai, ai, estradas que não tem fim
Ai quanto china que chora nesta hora pensando em mim
Ai, ai, ai, ai, quem manda me querer bem
Pois água fresca e conselhos não se oferece a ninguém!

Sou índio bem aragano e me sinto ufano com justo afinco
Por ver ferver o meu sangue no velho Rio Grande de 35,
Sou quebra de nascimento meu pensamento não tem receio;
Nunca provoco arruaça
Mas toco de graça em qualquer rodeio.
Nunca refugo ao perigo,
Confio no amigo dos meus arreios.

PALAVRA TRISTE
José Mendes e Oiram dos Santos
Chamamé

Saudade, palavra triste de se dizer
Quando a gente perde um bem querer -
Hoje eu vivo assim, amargurado
Vivo assim amargurado, sem vontade de viver!

Saudade me deixa em paz,
Cansei de tanto penar
Eu quero a felicidade
Em seu lugar!

MENSAGEM DE SAUDADE
José Mendes
Milonga

É uma saudade que vai, outra saudade que vem
É uma saudade que vai, outra saudade que vem!

Saudade que vai e volta, me leva quero ir também
Meu coração tá sofrendo, viver assim não convém;
Conheci muitas mulheres nos lugares que passei,
Muitos amores perdidos por esse mundo deixei!

Ando a procura de alguém que sonho um dia encontrar
Somente assim a tristeza não vem comigo morar!

É uma saudade que vai, outra saudade que vem.
É uma saudade que vai, outra saudade que vem!

Minha saudosa milonga, mensageira do amor
Vai levar esta mensagem deste poeta e trovador;
Que anda por este mundo vivendo de ilusão,
Só tristeza e amargura moram no meu coração!

Ando a procura de alguém que sonho um dia encontrar,
Somente assim a tristeza não vem comigo morar!

É uma saudade que vai, outra saudade que vem
É uma saudade que vai, outra saudade que vem!

Não consigo compreender qual delas quero mais bem,
Só sei que meu coração sente saudade de alguém!

ROUBEI A FAZENDEIRA
Carlos Armando e Gaúcho Seresteiro
Xote

Fui pealado por uma gaúcha bonita
Que meu coração palpita é linda mesmo de verdade
Desde o momento que eu vi esta gaúcha
Tem um laço que me puxa, quase morro de saudade.
Foi numa festa, fui com ela conversar
Era linde de encantar e desta gaúcha gostei;
Foi nesta hora que eu fiz a tentativa
Deixei ela pensativa, o seu amor eu conquistei!

Um certo dia ela pra mim escreveu
E na carta esclareceu, toda sua grande dor -
Tinha uma cerca que a nós dois separava
Que seu pai não concordava com o nosso grande amor.
Na mesma hora, eu escrevi a resposta
Mandei junto uma proposta, vou mostrar minhas qualidades
Pois esta cerca que tem, um dia eu desmancho
E vou buscar você pro rancho pra nós ter felicidade.

De manhã cedo, isto era num domingo,
Eu montei no meu pingo e fui passear lá na cidade -
Em poucas horas eu cheguei na casa dela
E olhei lá na janela, estava linda minha prenda.
Dei ô de casa e o velho de cara feia,
Disse moço você apeia e puxe o pingo pro galpão
Ai no gancho pode pendurar o pala
E vamos passando pra sala pra tomar um chimarrão!

E no assunto com velho eu falei
Pra ele me apresentei, sou cantor e violeiro,
Na pá da letra me respondeu no momento,
Minha filha para casamento só casa com fazendeiro.
Esta resposta me feriu até a alma
Mais eu não perdi a calma e tremeu a minha voz
Ele me disse ali perto mora um vizinho
Vou mandar buscar um pinho pra você cantar pra nós.

Veio o violão e no momento eu afinei
Todos da casa saudei, só fiz verso de idéia
E com destreza eu solava o violão
E o velho achando bom piscava o olho pra velha.
Na retirada o velho não morou nada
Quando foi de madrugada eu roubei a sua filha
Vivemos bem nesta vida de casado,
Sou genro mais estimado de toda sua família!

CONVERSA FIADA
José Mendes
Chamamé

Com licença, meus amigos, colegas de tradição,
Escutem , prestem atenção é um gaúcho que canta
Que canta com o peito aberto, por este Brasil a fora
E as mágoas do peito chora melodias desta garganta!

Represento meu Rio Grande, em qualquer lugar que for
Sou gaúcho do interior criado na aragem fria -
Do leste vou para o oeste, do norte vou para o sul
Debaixo de um céu azul, gauderiando noite e dia.

Sou um gaúcho muito franco, não gosto de falsidade,
Franqueza e sinceridade, eu falo, digo e sustento
Estou pronto pra qualquer hora ajudar a quem precisa.
Por bem me levam a camisa, mas por mal não vai um tento.

Não gosto destes colegas que andam de papo furado,
Andar conversando fiado comigo não acontece -
Não ando enganando os fãs com falsa demagogia
Mentira e conversa fria este povo não merece.

Meu anjo da guarda é forte tem o tino preparado,
Pra alguns índios recalcados com mágoa de cantador -
Minha voz não desafina, solto o volume no peito
Fazendo certo sujeito sentir que eu tenho valor.

Sempre ajudei meus colegas de ninguém tenho ciúme
Também não é meu costume desfazer meus companheiros
Se alguém não gosta de mim que seja franco e não negue
Nem mesmo Deus não consegue contentar o mundo inteiro!

LAÇAÇO DA SAUDADE
José Mendes
Milonga

Estou lembrado de uma gaúcha morena
Chinoca buena que amei com sinceridade -
E só deixou a marca neste peito abandonado
Que hoje vive amargurado repontando uma saudade.


Foi no rincão a gaúcha mais bonita
Que deixou minh’alma aflita pelo fogo do amor,
Sentindo falta hoje vivo soluçando
Da gaúcha relembrando, estou sofrendo grande dor....
Sentindo falta hoje vivo soluçando
Da gaúcha relembrando, estou sofrendo grande dor!

Declamado:
“Linda gaúcha não consigo te esquecer
Embora viva a sofrer os laçaços da saudade
Sei que tu é mui linda, não vou te perdoar,
Pois tu não soubeste amar quem te amou com sinceridade.
Até um rancho, chinoca, um certo dia eu quis te dar,
Para contigo morar e termos felicidade,
Mas teus cabelos longos maneiam qualquer gaudério,
Mas teu olhar não é sincero, são cheios de falsidade”.

Cantando:
Tu me tornaste um gaúcho sofredor
Com laço enganador conseguiste me pialar
Desviando o meu caminho arruinou a minha vida
E hoje chora arrependida implorando pra voltar.
Embora vivas hoje em dia em outro ambiente
Sofrendo constantemente, padecendo grande dor....
Sempre lembrando do meu traje a gaúcho
Que trocaste pelo luxo, desprezando meu amor...
Sempre lembrando do meu traje a gaúcho
Que trocaste pelo luxo, desprezando meu amor!

PEDRAS NO CAMINHO
José Mendes e Cláudio Paraíba
Rasqueado

Tire todas as pedras do seu caminho
Para você passar, lhe dei amor, lhe dei carinho;
Agora que você chegou a onde queria chegar,
Me desprezou, me amargurou, me fez chorar.

Agora que você tem fama, tem tudo que você queria
Me sinto feliz a esperar por este dia
Embora me pagaste o bem que eu lhe fiz, com ingratidão
Vai meu benzinho há muito tempo lhe dei perdão.

TERRA QUE CANTO
Luiz Menezes
Chamamé

Pra amar a terra que canto não precisa que em manda
Eu nasci lá na fronteira, coração do meu rio Grande -
Sou esta voz bem crioula que nasceu sobre o afoio
Do upa-upa brasino que ali no mato corre o arroio.

O, moço aqui da cidade a sua origem contesta
Não de ver bombacha, chapéu quebrado na testa
Não importa o que eles dizem, ou que de mim achem graça
Sou guasca e orgulho tenho da origem da minha raça.

E tu chinoca morena das ancas bem retovadas
Das transas bem compridas, do olhar de cobra assustada
E venha junto ao meu peito, venha sentir meu afago,
Venha sentir como eu sinto, vibrar a alma do pago.

SURPRESA DA VIDA
José Mendes
Corrido

Sofro querida por querer-te tanto
Causaste em minha vida só desilusão -
Sei que seu amor não me pertence mais
Pois, deste para outro o seu coração.

Sonhei que eras minha, mas foi puro engano
Pois a felicidade a vida me roubou -
Somente o que resta em meu coração é saudade,
Sou um homem que na vida somente sonhou.

Talvez a esperança já esteja perdida,
Mas sempre a parece surpresas na vida.

Ai, ai, ai, que triste vida, sofro demais por te amar.
Ai, ai, ai, minha querida, sofro demais por te adorar.
As pedras que são pedras no caminho se encontram,
Talvez um dia tornarei a te encontrar.

NÃO APERTA APARÍCIO
José Mendes
Vaneirão

Aparício era um índio largado morador lá na costa da serra
Maladrão muito namorador, nos fandangos lá da sua terra
Quando ia dançar vaneirão, só dançava bem agarradinho
Era só na base do apertão e a mulher reclamava baixinho.

Não aperta Aparício, não aperta; não aperta, Aparício, não aperta
Não aperta Aparício, não aperta, que está história vai ser descoberta
Se o meu velho, meu pai está espiando da peleia e dá morte na certa.
Não aperta Aparício, não aperta, não aperta Aparício, não aperta
Não aperta Aparício, não aperta, que esta história vai ser descoberta.

Certa hora o tal de Aparício foi dançar uma vaneira marcada
Convidou uma morena gorducha que por ela estava apaixonada.
E o salão “tava” muito apertado, era só aquele pega e puxa
Aparício dançava e pulava e apertava a morena gorducha.

Não aperta Aparício, não aperta, não aperta, Aparício, não aperta
Não aperta Aparício, não aperta, dava gosto de ver esta cena
A morena empurrava o Aparício e o Aparício puxava a morena.
Não aperta Aparício, não aperta, não aperta Aparício, não aperta
Não aperta Aparício, não aperta que esta história vai ser descoberta.

De repente o velhão da gorducha era um tal de Maneco Porfício
Sapateava e gritava na sala: - Hoje é eu que aperto o Aparício
E tacou-lhe um tatu no candeeiro e o baile ficou no escuro
Só se ouvia o cochichos das velhas e mulher que gritava em apuro.

Aperta Aparício, aperta, aperta Aparício, aperta
Aperta, Aparício, aperta só se ouvia ala puxa
O Porpício apertava a gorducha e o Aparício apertava a gorducha.
Não aperta Aparício, não aperta, não aperta Aparício, não aperta
Não aperta Aparício, não aperta que esta história vai ser descoberta.

PÁRA PEDRO
José Mendes e José Portela Delavy
Vaneirão

Era um baile lá na serra na fazenda da Ramada
Foi por lá que um tal de Pedro se chegou de madrugada
Só escutei um zum zum, mas não sabia de nada,
Ouvia a mulher gritando: - Este Pedro é uma parada!

Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Era o Pedro lá num canto beliscando a namorada.

Quando foi lá pelas tantas que a farra estava animada,
Apagaram o lampião e a bagunça foi formada -
As velhas se revoltaram, Pedroca não é de nada,
E o Pedro brigou com as velhas e deu uma peleia danada.

Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Fazia cócegas nas velhas e as velhas davam risada.

Pedro foi dançar um xote com uma velha apaixonada
E surgiu o velho da velha e a coisa foi complicada -
Pedro correu pelos fundos e entrou numa porta errada
E as moças levaram um susto e gritavam desesperada:

Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
Pára Pedro, Pedro pára; pára Pedro, Pedro pára
A velha grudada no Pedro e o velho no Pedro agarrado.

E assim foi a noite inteira até o fim da madrugada!

P R E C E
José Mendes e Jaime Caetano Braun
Chamamé

A ti, meu velho querido de joelhos no chão ofereço
Este rústico adereço, trançado de couro cru -
E esta prece xirú que rezo trançando o dedo
Já que não guardo segredo pra um amigo que nem tu.

Te foste como outros foram para o velho pago do além
Onde um dia eu também , eu quero bolear a perna -
E patrão que nos governa que por certo é teu amigo
Há de ser bueno comigo, ai na querência eterna.

Já que não fui nem a sombra do que foste velho santo
Uma coisa eu te garanto sempre me orgulhei de ti -
Pois contigo eu aprendi o que é honra e coração,
E esta xucra tradição, pelo pago onde eu nasci.

MINHA ACORDEONA
José Mendes
Xote

Minha acordeona de vinte e uma teclas
E oito baixos pra me acompanhar
E quando eu abro minha gaita velha
Sinto saudade, chego até a chorar
De vez e quando abro o peito e canto,
Minha gaita velha chora no meu braço
Até os velhos de noventa anos
Saltam dançando firme no compasso.

Meu violão andava muito triste
Sem ter ninguém pra lhe fazer carinho
Lhe arranjei esta acordeona linda
Pra meu amigo não viver sozinho
Conheço bem a vida de gaudério
E certas coisas que o mundo requer
É muito triste a vida de um gaúcho
Sem as caricias de uma mulher.

Quando regresso cansado da viagem
Existe alguém que vive a me esperar
É uma china que eu adoro muito,
Cabelos longos, olhos cor do mar –
E esta flor que enfeita o rancho
E diz que me ama com sinceridade
Sempre me espera na porta do rancho,
Beija e me abraça louca de saudade.

De vez enquanto só por brincadeira
Faço ciúme pro meu violão
Pego acordeona e toco uma vaneira,
Enquanto a china ceva o chimarrão
Depois eu largo minha gaita velha
Pra minha flor eu vou fazer carinho
Assim é a vida destes dois gaudérios
Que desistiram de viver sozinho.

HISTÓRIA DOS PEDROS
José Mendes
Vaneirao

O assunto mais conhecido por este Brasil inteiro
Foi até no estrangeiro, não existe mais segredo
Velho e moças minha musica fascina
Em toda América Latina já se canta o Para Pedro.
Fizeram festa reuniram os Pedros do mundo
Trouxeram Pedro Raimundo pra animar a festança
Veio com ele a velhota Mariana
Velha metida a bacana disposta a fazer lambança
Começou o baile velhos, moças e crianças
Se entreveraram na dança acalorando a fofoca
Saltou o Pedro quando rompeu a acordeona
Em vê de agarra a velhona, a velhona agarrou o Pedro.

Foi por lá que eu encontrei o meu amigo Pedrão
Que veio lá do rincão, índio velho de campanha
Quando me viu sorriu de satisfação
E oitavado no balcão me pagou um trago de canha.
Foi me falando conheço bem teu valor
Mas tem aí um cantador que pura conversa fiada
Tem um caboclo metido a fazer pagode
Faço respeitar o bigode deste gaúcho largado
Foi ai que uma mulata do olhar de picardia
Já se meteu numa fria querendo bancar a tola
Veio pra perto pra escutar nosso segredo
E o Pedro grudou o dedo na barriga da crioula.

Deu uma bronca e Pedrão calcou o pé
Já terminou o banzé e todo mundo ficou frio
Sou um gaúcho ando sempre prevenido
Nesse meu Brasil querido que um Pedro descobriu
De tanto Pedro tem um Pedro verdadeiro
Mais do que Pedro Primeiro e Pedro Álvares Cabral.
É o São Pedro, não frouxa um tento pra trás
Por isso é o capataz da estância celestial
Sequei o copo e mandei encher de novo
E ofereci para o povo que nos olhavam com medo
Fiquei sabendo que meu amigo Pedrão
Queria passar o facão nesses que falam do Pedro.

BAILE DE CAMPANHA
José Mendes
Xote

Num baile de campanha não falta animação
Chora uma gaita velha e geme um violão

E nesses bailes que se ajunta peonada
Pois desse jeito que se arranja casamento
Se a moça é linda e estiver apaixonada
Só falta os velhos darem o consentimento.

Joga o laço do amor, fio de ouro na ponta
E os olhos da morena já correm por minha conta.

E nunca falta um trovador pra dizer versos
Cantar as queixas do amor e do querer bem
Entre os pares que rodeiam lá estão
Agarradinhos vovó e vovô também.

Joga o laço do amor, fio de ouro na ponta
E os olhos da morena já correm por minha conta.

E quando rompe madrugada se pressente
O fim da baile é começo de saudade –
Porem não há nada de ser, oh, minha gente
Tudo que é bom, dura bem pouco é uma verdade.

Joga o laço do amor, fio de ouro na ponta
E os olhos da morena já correm por minha conta.

TRÊS FLORES
José Mendes
Rasqueado

Loira bonita de Minas gerais
Morena linda flor de Goiás
São dois motivos que a minha gaúcha
Brigou comigo e não me quer mais.

Eu fiz negocio de uma boiada
Com um fazendeiro lá em Goiás
Sai viagem lá de Porto Alegre
E viajei com o meu capataz –
Mas acontece que me camarada
Fez uma coisa que não se faz
Foi fazer fuxico pra minha gaúcha
Que brigou comigo e não me quer mais.

Loira bonita de Minas gerais
Morena linda flor de Goiás
Fiquei com pena da minha gaúcha
Que brigou comigo e não me quer mais.

A flor mineira é a rosa branca
Que no jardim é rainha da flores
A flor goiana é a rosa vermelha
Que simboliza os nossos amores –
A flor gaúcha é rosa do campo
Que enfeitas os bosques do meu rincão
A perfumada rosa brasileira
Ficou no jardim do meu coração.

Loira bonita de Minas gerais
Morena linda flor de Goiás
Dei razão pra minha gaúcha
Que brigou comigo e não me quer mais.

Assim perdi o meu buquê de rosas,
três flores simplesmente geniais
Falei a verdade pra rosa mineira
e disse pra flor de Goiás –
A Goianinha ficou soluçando
deixei a loira em Minas Gerias
Mas acontece que a minha gaúcha,
Brigou comigo e não me quer mais

LARGO DA FELICIDADE
José Mendes
Xote

Lá longe atrás daquele cerro
Existe o largo da felicidade
Pois quando eu estou triste
Meu peito não resiste, eu fujo da saudade.

Felicidade mora ali
Felicidade não tem aqui
Felicidade fica lá
Felicidade fica sempre a me esperar.

ESMERALDA
José Mendes e Airton Pimentel
Valsa

Minha Esmeralda tão verde, mais verde do que as olivas
Neste mundo chimarrão, tu es doce e terna nativa –
Campos, colinas e serras, iguais não verei jamais
Sou ébrio da minha terra nas taças dos pinheirais.

Minha saudade galopa nos bosques cheios de flores
Ao despertar grandes tropas nos campos dos meus amores

Esmeralda, Esmeralda
Berço verde de esperança
Esmeralda, Esmeralda
Pra ti serei sempre criança.

Morena formosa tão linda dos olhos de um verde sem fim
Iguais as paisagens da terra, meu bem querer é assim –
Eu levo um destino gaudério, deixando horizontes pra traz
Carrego um sonho comigo: Um ranchinho, teu amor e nada mais.

Minha saudade galopa nos bosques cheios de flores
Ao despertar grandes tropas nos campos dos meus amores

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