sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O RETORNO DOS MIRINS

OS MIRINS - NOVO CD


Depois de muito tempo sem novas gravações o grupo gaucho OS MIRINS estão voltando. Agora com nova gravadora, a 'VERTICAL" de Caxias do Sul, com o CD "Campo Aberto", eis as Faixas:



VANERA XUCRA
Albino Manique / Dionisio Costa
Vanera

Palanquei o sentimento e abracei a cordeona
Pra encilhar uma vanera que se criou redomona
Tentei segurar o tranco cabresteando no floreio
Mas, já no primeiro acorde saltou do fole e se veio
Firmei a cinchão das notas só pra evitar algum tombo
E a pelegama de versos larguei por cima do lombo
Num trancão de queixo duro, cheio de balda e mania
Se foi pela noite afora coiceando na baixaria

A minha vanera xucra não nasceu pra ser domada
Nos bailes da gauchada corcoveia a noite inteira
Na invernada da cordeona vai rebentando o alambrado
E eu ganho a vida grudado no lombo desta vanera

Abri a goela com gana pra acalmar a rebeldia
Saiu de venta rasgada procurando melodia
Notei enxergando o povo na alegria da festança
Que vanera que encilho é xucra que não se amansa
No rodeio de um surungo se embodoca, caborteira
E todo mundo balança no corcoveo da vanera
Passa o tempo eu não me aperto deste trancão mal domado
Pois carrega na garupa o xucrismo do meu estado.

O XARÁ DE SÃO CHICO
Albino Manique / Dionisio Costa
Chamarra

Abraçado na minha cordeona instrumento que é parte de mim
Eu recordo o amigo de infância e o começo da Dupla Mirim
A meu lado nos bailes da vida foi assim a nosso convivência
Não esqueço nossa parceria
Que levou diversão e alegria para tantas e tantas querências.

A voz rouca, no dom da cantiga
Destacava o xará de são chico
Com a benção do santo nome
Na amizade que enriquece o homem
O Francisco Castilho foi rico.

Desprendeu- se do alto da serra pra fazer da sua arte o trabalho
Qual um fruto do mato nativo arrancado ainda do verde do galho
Plantou sonhos entre os pinheirais, domou notas pro povo dançar
Foi ao mundo e pra encurtar o causo
Pra viver do calor de um aplauso de São Chico saiu pra cantar.

Se os Mirins permanecem na estrada e alguma importância merecem
O Francisco escreveu um pedaço dessa história que tantos conhecem
Quando lembro da longa jornada deste amigo orgulhoso mais fico
Fala a gaita e ao invés do pranto
Vanerinhas de saudades eu canto relembrando a alegria do Chico.

VANERINHA DO CORAÇÃO
Albino Manique / Pedro dos Santos
Vanerinha

Cantei uma vanerinha, palpitou meu coração
Lembrei da mais linda flor la do bairro do rincão

Vanerinha eu canto agora e canto com emoção
Tantas coisas que ficaram guardadas no coração,
Vanerinha.

Sinto dor que invade a alma e dá inspiração
Então vou compondo versos pra espantara a solidão

E viajo nas lembranças deste amor que lá ficou
A saudade vai e vem, meu amor que não voltou,
Vanerinha.

A VALSA DO MEU PAI
Francisco Castilho / Ailtom Missioneiro
Valsa

Quando eu danço, me balanço
Numa valsa que vem e que vai
Eu me lembro dos fandangos
Que eu ia como velho meu pai

E a cordeona chorava e roncava
E o meu pai cantava oilairi, oilaira

Tempos verdes de lembrança
Dos mais lindos que eu já vivi
Manancial da minha esperanças
Ilusão dos tempo de guri

CAMPO ABERTO
Albino Manique / Valderez Peixoto
Vanera

A cordeona geme acordes lá no fundo do galpão
Entreverado no toque bordoneia um violão
E um índio canta versos dando rédeas ao sentimento
Os desenganos da alma vão gritando aos quatro ventos

Nossa vida é um campo aberto pra emoção
A lembrança e a saudade nos açoita o coração
Arrocina e esporeia o flete do pensamento
Que galopa em disparada com a crina solta ao vento.

Campo aberto de saudade, campo aberto de ilusão
Ao lembrar do amor distante bate forte o coração
Os gemidos da cordeona junto ao fogo de chão
Rebenqueando a lembrança, perpetrando emoção.

RECOMEÇO
Albino Manique / Léo Ribeiro
Vanera

O sol, por certo renasce depois dessa madrugada
E o pastiçal brotará a cada nova queimada
Sempre haverá recomeço a todo fim de jornada

Melenas com fios de branco que te deixaram mais linda
Olhar sincero e maduro e a ternura que não finda
Este meu peito é quem diz que eu gosto de ti ainda

Por isso prenda gaúcha que mesmo passado o tempo
Ao te olhar no meu rancho revivo meus sentimento
É como a brisa que vai, mas volta em forma de vento.

Das coisas que fiz na vida o que tenho e o que mereço
Se fui feliz gauderiando eu também paguei meu preço
Pra tristeza e pro amor, pra tudo há recomeço



QUEM VIVE DO VERSO
Albino Manique / Léo Ribeiro
Xote

Quem vive do verso cantando o Rio Grande
Carrega no sangue o sangue da gente
É o grito liberto do peão explorado
Que sendo soldado não fala o que sente.
Igual ao açude batendo nas pedras
É o canto que agrega valores de outrora
É a china que espera depois do horizonte
É a vida e reponte no timbre da espora

Quem vive de versos tropeia amizade
Deixando saudades por tudo que á canto
Num baile gaúcho reunindo as famílias
Num rádio apilha num fundo de campo

Quem vive de versos não anda folgado
Tem dedo judiados de gaita e violão
E mesmo rengueando comanda a folia
Taureando invernias no altar do galpão
As vexes carrega o peito tristonho
Por ver que os sonhos se vão a la cria
Mas abre a garganta e vem no tranquito
Cantares bonitos trazendo alegria

Quem vive do verso não quer sofrimento
E paira no tempo que a tudo consome
Por que algum dia ausente do ninho
Alguém com carinho lembrará seu nome
Será uma estrela bailando em aguada
Pelas madrugadas da pampa charrua
Será uma voz em forma de vento
Soprando lamentos pra um resto de lua

XIXO DE GALPÃO
Pedro dos Santos / Antonio Junior
Vanera

Toca gaiterio uma vanera baguala
Que eu sou baileiro e vou me espalhar na sala
Toca gaiteiro um xixaço de galpão
Pra este povão galponeiro que alegra o coração.

Toca vanera no estilo da fronteira
Toca vanera pra povo saracotear
Toca vanera que a moçada pede cancha
Bamo que bamo até o dia clarear

Se a lua é grande pode apagar o candeeiro
Prendas bonitas nunca faltam pra dançar
Se o xixo é bueno eu já me perco no entrevero
Bem gauchão eu to bem louco pra dançar.

VANERINHA DO NAMORO

Eu sei, eu sei
Gosto mais de ti do que já gostei.

Meu amor pra mim é lindo como uma bela manhã
Te amo mais que ontem e menos do que amanhã

Meu amor tem o calor de uma tarde ensolarada
Minha vida sem tua vida para mim não vale nada

Meu amor tem o perfume das flores do entardecer
Quando estou longe de ti fico louco pra te ver.  

PERDOA O CIÚME

Perdoa o ciúme, chinoca morena
Se não vale apena sofrer tanto assim
Tu choras, eu sofro, brigar é um vicio
Amar não é isso, tu sabes, eu sei.

Chinoca morena, o ciúme envenena
Se alguém se aproxima e olha teu olhar
Fico quase louco e brigo contigo
O ciúme é o motivo, queira me perdoar.

Teu corpo bronzeado, tua pele macia
Parece guria, o ar que respiro
Teus olhos tão lindos da cor das coxilhas
Razão do ciúme que arranca suspiros. 

GAITEIRO BOM DE BAILE

Gaiteiro que é bom de baile não tropica no teclado
Floreia na baixaria, traz o fole bem marcado
Toca bugio e vanera, faz logo o baile enfezar
Segura o povo na sala até o dia clarear
Quando o gaiteiro tem cancha sabe as manhas da cordeona
Que desde a boca da noite do fandango é a dona
Gaiteiro que é bom de baile faz logo o povo dançar
Segura o balanço veio até o dia clarear.

Gaiteiro que é bom de baile dá uma olhada pra morena
No calor dos olhos dela a noite fica pequena
O sorriso caborteiro alimenta o coração
E assim vai passando a noite num fandango de galpão.
Quando o gaiteiro tem cancha sabe as manhas da cordeona
Que desde a boca da noite do fandango é a dona
Gaiteiro que é bom de baile dá uma olhada pra morena
No calor dos olhos dela a noite fica pequena

Quando chega a madrugada candeeiro tá se apagando
Lá nos cantos da sala já tem alguém cochilando
Gaiteiro que tem tarimba dá um grito, anima o povo
Traz todo mundo pra sala e o baile segue de novo.
Quando o gaiteiro tem cancha sabe as manhas da cordeona
Que desde a boca da noite do fandango é a dona
Gaiteiro que tem tarimba dá um grito, anima o povo
Traz todo mundo pra sala e o baile segue de novo. 


LAMENTOS E SAUDADE
 
Lamentos, saudade;
Saudade de ti meu amor.
Não agüento a ansiedade
De te ver, te beijar, te adorar, vem por favor.

Meu coração ta tristonho, te vejo somente em sonho
Amanhece e eu penso que tudo acabou
Estou perdido na vida, vem pra mim minha querida
Quero você em meus braços, sofrendo eu estou.

A minha alma padece; de você nunca esquece;
Quero estar junto contigo, te olhar;
Lamento e saudade, eu só tenho uma vontade
De te ver, te beijar, te adorar, vem por favor  


VANERA DO TEMPO VÉIO


Cresci com poeira nas ventas dos bailes de chão batido
Guapeando frio e tormenta pra te cordeona no ouvido.
Por isso que eu não acerto no tal tranco embatucado
Sou tarado por vanera
Mas o facho e fumaceira meu deixa o zóio encandeado.


Vanera do tempo veio essa eu danço até maneado
Arrodeando pros dois lados num trancão de ir pra roça
Pelo ronco da cordeona já me atraco corcoveando
E saio me chacoalhando quem nem gordo em carroça.


Dou trabalho pro gaiteiro desde o começo até o fim
Pois no estilão galponeiro danço até “rasga” o carpim
Pode “encordoá” só as bem boa que eu já me destrincho no pé
Mesmo que eu dance feio
Rebolado e sarandeio, isso eu deixo pras muié. 


ENCONTRO DE ALMAS

Quando ama ausência engarupa uma saudade
Não há idade que pague esse sentimento
Viaja nos olhos um sorriso emborrachado
Que a lo largo é a reculata do tempo
Faz bem ao peito se rever grandes amigos
Que estão contigo independente da distancia
Recordações beijam molduras nas paredes
E mata a sede deste tempo mas criança


E quando as almas se encontram emparceiradas
Vertem guardadas tropilhas de emoções
Nossa retina bate a foto do momento
Pra o sentimento revelar nos corações.


Quem planta flores onde trilha os caminhos
Retira espinhos e perfuma os horizontes
Dentro de si vive um galpão hospitaleiro
Chama e luzeiro que identifica esta fonte.
Quem está longe ao reviver o passado
Honra o legado do chão que viu nascer
E traz consigo o cheiro doce da terra
Com as coisas belas que nunca vai esquecer.  


POR APENAS UMA DANÇA

Foi apenas uma dança de uma china caborteira
Saracoteando uma vanera embuçalou meu coração;
Me perdi pelas canhadas de seu corpo sedutor
Me embretei no seu calor enlouquecido de paixão.


O destino mal domado me fez louco e sofredor
Nunca mais vi esta flor nos corredores da vida
Nos atalhos da lembrança tropeço na solidão
Cada recuerdo da china é versos pra uma canção. 


GAÚCHO MIRIM

Com alegria nos olhos clareando velhas estradas
Vem um guri nas pegadas do rastro da nossa gente
Provando pro mundo novo inteiro em cada versos que diz
Que existe um povo feliz neste sul de continente. 


E o broto de um velho tronco rebrotando no arvoredo
Que aprende bem cedo beber na vertente pura
Com sua mão sobre o peito reverenciando a bandeira
Parece a estampa guerreira de um farrapo em miniatura.


Peleando no videogame, brincando com canivete
Viajando na internet com chimarrão ou refri
Cachorro quente ou churrasco; banho de sanga ou de ducha
Lá vem a história gaucha no coração do guri.


Num setembro bem montado, de espora, chapéu e mango
Lenço floreado ou chimango quando não é o maragato
Se iguala a um quadro pintado na moldura da poesia
Pra o retrato de uma cria do gauchismo de fato. 


Cantando o amor pelo pago fandangueiro ou nativista
É muito mais que um artista esse gaucho mirim
Dá pra ver pela imponência deste guri que ali passa
Que a historia da nossa raça é força que não tem fim. 



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